Carta de Freud e o Orgulho LGBT+: Reflexões sobre Amor Livre e Psicanálise ✨ Por Égnes — terapeuta do Amor Livre
Junho é mês de Orgulho LGBTQIAPN+, mas também é mês de memória. Não dá pra falar de amor livre sem falar da coragem de quem, ao longo da história, enfrentou violência, silenciamento e exclusão apenas por amar diferente do esperado.
Em 2024, o Brasil já registrou mais de 300 mortes violentas de pessoas LGBTQIAPN+. Esse número, infelizmente, nos lembra que ainda vivemos em um país onde amar pode custar a vida — e, por isso mesmo, o amor livre é também um ato político.
O que Freud disse à mãe de um homossexual
Em 1935, Sigmund Freud escreveu uma carta que até hoje ecoa como um sopro de lucidez em tempos sombrios. Ele respondia à mãe de um jovem homossexual que o procurava buscando orientação. Freud foi direto:
“A homossexualidade não representa uma vantagem, mas também não é motivo de vergonha. […] Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual.”
Freud ainda enfatiza que muitos grandes nomes da história foram homossexuais — como Platão, Leonardo da Vinci e Michelangelo — e alerta para o perigo de perseguir a homossexualidade como se fosse um delito.
Vale lembrar: a carta foi escrita em 1935, muito antes da Organização Mundial da Saúde remover a homossexualidade da lista de transtornos mentais (o que só aconteceu em 1990).
Psicanálise, desejo e liberdade
Embora a carta ainda mencione a possibilidade de desenvolver tendências heterossexuais, o que pode soar conservador hoje, Freud abre espaço para algo essencial: que o sofrimento de uma pessoa LGBT não está em sua orientação, mas no conflito gerado entre quem ela é e o que a sociedade espera dela.
É exatamente aí que a psicanálise e o Amor Livre se encontram. Ambos não querem ajustar o sujeito a uma norma, mas escutar seus desejos mais profundos — mesmo os mais difíceis, mesmo os mais censurados.
Amar como se é
No Amor Livre, a pergunta que importa não é se você ama alguém do mesmo gênero, outro gênero, múltiplos gêneros ou nenhum. A pergunta central é: você consegue amar com verdade, com presença, com liberdade emocional?
Orgulho é isso. É poder dizer: “eu existo, eu desejo, e meu desejo não é um erro”. É romper com a vergonha herdada, com o medo de decepcionar, e assumir que viver seu amor — do seu jeito — é uma forma de resistência.
Para saber mais:
🧠 Leia também: Diferença de gênero na infância moldam as relacionamentos na vida adulta.
📚 A carta original está exposta no Museu de Sexologia, Wellcome Collection – Londres.
Que neste mês — e em todos os outros — a gente siga celebrando o amor como ele é: diverso, pulsante e livre.
🏳️🌈 Feliz Dia do Orgulho LGBTQIAPN+.
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